A Galeria Claudia Andujar está dividida em três eixos conceituais: A Terra; O Homem e O Conflito. Os termos fazem referência à divisão do livro Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha – A Terra; O Homem e A Luta –, que narra os eventos que sucederam a Guerra de Canudos (1896-1897), no interior da Bahia. Tanto a obra literária quanto as obras presentes nesse espaço propõem uma leitura sobre a relação dos homens e mulheres com a luta pelos seus direitos e pelo reconhecimento de território.
O Conflito
Os anos de trabalho de Claudia Andujar entre os Yanomami coincidiram com a intensificação do contato com os napëpë (estrangeiros) e consequentemente com a chegada de epidemias, violência e desmatamento na região norte da Amazônia. Nesse bloco, vemos imagens que revelam o choque entre os indígenas e os trabalhadores da rodovia BR-210, conhecida como Perimetral Norte, parte do Projeto de Integração Nacional da Ditadura Civil-Militar (1964-1985); bem como, o garimpo ilegal no território indígena, iniciado nos anos 1980. Mesmo com o reconhecimento da Terra Indígena Yanomami e Ye’kwana , em 1992, essa área continua ameaçada por atividades ilegais de mineração e extrativismo.
Uma das séries exibidas neste eixo é a Marcados, formada por uma coleção de retratos em preto e branco do povo Yanomami. Nessas imagens, cada indivíduo documentado porta um número de identificação. Essas fotografias foram uma ferramenta importante, utilizada pela Comissão pela Criação do Parque Yanomami, para mapear e orientar o processo de imunização. Anos depois, ao fazer uma releitura desses registros, Andujar reflete sobre a sua história pessoal: o momento em que sua família foi perseguida pelos nazistas e tatuada com números (técnica de identificação das vítimas). Essas imagens saem, portanto, da esfera objetiva do registro e adentram em um espaço sensível e questionador.
Neste eixo, estão expostas as séries: Contato; Grafitagem; Marcados; Metais Ltda; e Toototobi.