Cosmococa/CC1 Trashiscapes
1973
2 projetores, slides, colchões, lixas de unha, trilha sonora (Dominguinhos e Luiz Gonzaga, Pífanos de Caruaru, Stockhausen, Jimi Hendrix, sons da rua) e equipamento de áudio.
No início dos anos 1970, Hélio Oiticica trabalhou com o cineasta Neville D’Almeida na criação de uma série de cinco instalações pioneiras (Quasi-Cinemas), conhecidas como BLOCO-EXPERIÊNCIAS in COSMOCOCAS – Programa in Progress. O nome ”Cosmococa”, inventado por Neville, é derivado da palavra “cocaína” – psicoativo que altera o estado da mente, usado aqui como maquiagem sobre as capas de livros, discos e revistas, chamadas de “mancoquilagens”.
O termo é uma junção do nome Manco Cápac (fundador do Império Inca, cultura que fazia uso da folha de coca, e que hoje é a base da produção de cocaína) – com a palavra maquilagem. Essas obras constituem ambientes plurissensoriais onde o espectador é convidado a participar.
Em CC1 Trashiscapes (1973) o título mistura duas palavras em inglês: trash (lixo) e landscapes (paisagem). Nesta obra, os artistas tomam como ponto de partida o uso da cocaína em pó sobre capas de discos e jornais para criar máscaras. Tal como na imagem do cineasta Luis Buñuel estampada no jornal The New York Times, cuja navalha próxima ao olho é uma referência ao seu filme “Um Cão Andaluz” (1929). Outras “mancoquilações” aparecem nas projeções, como a capa do disco de Frank Zappa & Mothers of Invention. Aqui, o público recebe uma lixa de unhas e é convidado a deitar em colchões e entrar em um estado de descanso, onde os problemas são esquecidos. A sonoridade do ambiente, além de composta por sons urbanos da Second Avenue , em Nova York (EUA), contém canções de Jimi Hendrix; e músicas tradicionais pernambucanas: Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Pífanos de Caruaru.